Cheguei em um ponto da minha vida,que sinceramente não me importo mais. Não suporto a família, não tenho paciência para as pessoas, não aguento mais nada. É ruim estar sozinha, pois a solidão também dói. Você deseja apenas desabafar, conversar, mas não tem ninguém por perto para te ouvir, te segurar, te apoiar. Sonhar é uma palavra que já não consta no vocabulário, pois os sonhos morreram a partir do momento em que a realidade aparece. Você deixa de fazer o que gosta para fazer o que tem que ser feito, pois agora se tornou adulto e é preciso se virar, ter um emprego para dizer que faz alguma coisa da vida. Uma profissão qualquer para dizer que estudou e que merece uma chance de se dar bem. Você se torna uma máquina, na qual faz tudo que não quer, porque precisa mostrar serviço, precisa mostrar que está funcionando, pois caso contrário você é um perdido, algo que simplesmente veio com defeito.
E o medo? Você passa tanto tempo fechado para o mundo, trancado no seu quarto, que quando surge qualquer oportunidade o medo aparece. O novo assusta, e muito! A única coisa que me faz feliz é dormir. Sim, dormir, pois é nesse momento que esqueço dos problemas, esqueço quem realmente sou, e as vezes até tenho sonhos. Por incrível que pareça, isso não é tão ruim, pois eu sinto pelo menos ali, naquele momento,que sou feliz. Feliz no meu castelo de areia, que ao abrir dos olhos se tornará um nada. As vezes, minha maior vontade é simplesmente apagar e não voltar mais. Quem me dera ser realmente uma máquina, assim talvez pudesse ser desligado.
(Karina Nisticó)